quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Idosos no rítmo da saúde

ASEVEDO, Elessandra. Idosos no rítmo da saúde. nº 46. pág 28-29,  2010

                 Com o processo de envelhecimento, ocorre naturalmente uma diminuição da resistência muscular, a coordenação motora e do alongamento, fatores que dificultam o idoso de realizar pequenas ações cotidianas. Em busca de qualidade de vida e para evitar esses e outros problemas, a população idosa procura diferentes alternativas para a prática de atividades físicas que,quando executadas regularmente, retardam e amenizam os riscos de doenças. Geralmente, as atividades mais indicadas por especialistas são aquelas de baixo impacto, como hidroginástica e caminhada, que não colocarão ossos e articulações em risco. No entanto, novos dados têm demonstrado que há outra opção muito saudável para mexer o corpo, com a vantagem adicional de estimular a sociabilidade: a dança. Pesquisas envolvendo dança e idosos já conseguiram comprovar inúmeros benefícios gerados para a saúde física, como melhora da agilidade, do equilíbrio e da flexibilidade, além de estimular a saúde mental e ajudar a combater a depressão.
                 Comparada com a hidroginástica e a caminhada, a dança possui ritmo mais acelerado e, à primeira vista, pode parecer inapropriada aos idosos. No entanto, estudo realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos da Universidade de Brasília (Gepafi-UnB) demonstrou que a atividade não coloca o coração em risco, mesmo se o praticante optar pelo frevo ou samba. Os pesquisadores multiplicaram a frequência cardíaca pela pressão arterial sistólica dos idosos submetidos aos testes, que foram medida sem quatro momentos durante a aula. “Por exemplo, para que o idoso seja considerado fora da área de risco de angina, primeiro sinal do infarto, esse valor deve ser menor que 30 mil mmHg.bpm. Todos os participantes do estudo apresentaram medidas bem inferiores a essa, em geral na faixa de 10 mil mmHg.bpm”, comemora Márcio Moura, pesquisador associado ao grupo. Estudo realizado pela mestre em Gerontologia Mônica Todaro, doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora de dois livros focados em idosos e educação, comprovou que a prática da dança ao longo de quatro meses foi capaz de promover mudanças quantitativas na vida dos praticantes, como melhora na agilidade e no equilíbrio e  aumento da flexibilidade. Os aspectos psicológicos também foram comparados, por meio de auto-avaliação realizada antes e depois do estudo. “O resultado mostrou um progresso em relação ao bem-estar físico e psicológico dos idosos”, completa a especialista. Os exercícios físicos são reconhecidos como grandes colaboradores na luta contra os efeitos da idade, mas nem sempre fazem parte do cotidiano dos idosos por não proporcionarem prazer ou por apresentarem barreiras. No caso da hidroginástica, por exemplo, algumas pessoas se sentem intimidadas por terem de usar roupa de banho, enquanto uma das reclamações com relação às caminhadas é ter de dar voltas em um mesmo espaço. Neste contexto, a dança vira alternativa que atrai esse público, pois os idosos vivenciaram a época dos grandes bailes em salões e têm em sua memória o registro do prazer que a dança proporciona. “Na minha pesquisa, os idosos contaram histórias e trouxeram fotos e discos antigos dessa fase de suas vidas. Essa experiência os motivou para a adesão ao Programa de Dança”, argumenta Mônica Todaro.
CONTRA A DEMÊNCIA
Outro estudo realizado pelo Gepafi confirmou que a dança é capaz de reduzir os riscos ou atrasar a progressão do mal de Alzheimer, além de apontar para mais autonomia nas atividades cotidianas. “Embora não exista a confirmação de que a atividade física seja capaz de prevenir o Alzheimer, os resultados reforçam a importância da vida ativa na prevenção do agravamento de problemas de saúde mental de idosos”, enfatiza Márcio Moura. A educadora física Hélida Lopes, especialista em Gerontologia e Geriatria e professora de Dança Sênior na Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UnATI-UFRJ), concorda que a dança pode proporcionar benefícios à saúde mental, pois o fato de muitos idosos permanecerem sozinhos e isolados tende a gerar depressão. “A música, as mãos dadas e o balançar rítmico dos corpos geram sentimentos positivos de carinho, paz e amizade. Durante as aulas, os bloqueios emocionais diminuem, facilitando a interação biopsicossocial. O bem-estar gerado pode minimizar a depressão e a pressão alta, a ponto de diminuir a medicação usada para o tratamento”, argumenta, ao lembrar que a dança pode ser usada como recurso terapêutico, pois trabalha o corpo como um todo.

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